terça-feira, 5 de julho de 2011
Construtivismo Russo
Novas didáticas e suas Tecnologias
10 Questões sobre o Construtivismo
revista Nova Escola 1995
1 — O que é o construtivismo?
É o nome pelo qual se tomou conhecida uma nova linha pedagógica que vem ganhando terreno nas salas de aula há pouco mais de uma década. As maiores autoridades do construtivismo, contudo, não costumam admitir que se trate de uma pedagogia ou método de ensino, por ser um campo de estudo ainda recente, cujas práticas, salvo no caso da alfabetização, ainda requerem tempo para amadurecimento e sistematização.
2- Em que se distingue a pedagogia construtivista, em linhas gerais?
O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estímulo à dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos. Rejeita a apresentação de conhecimentos prontos ao estudante, como um prato feito, e utiliza de modo inovador técnicas tradicionais como, por exemplo, a memorização. Daí o termo "construtivismo", pelo qual se procura indicar que uma pessoa aprende melhor quando toma parte de forma direta na construção do conhecimento que adquire. O construtivismo enfatiza a importância do erro não como um tropeço, mas como um trampolim na rota da aprendizagem. O construtivismo condena a rigidez nos procedimentos de ensino, as avaliações padronizadas e a utilização de material didático demasiadamente estranho ao universo pessoal do aluno.
3 — Com base em que o construtivismo adota tais praticas?
Com base nos estudos do psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980),. a maior autoridade do século sobre o processo de funcionamento da inteligência e de aquisição do conhecimento. Piaget demonstrou que a criança raciocina segundo estruturas lógicas próprias. que evoluem conforme faixas etárias definidas, e são diferentes da lógica madura do adulto. Por exemplo: se uma criança de 4 ou 5 anos transforma uma bolinha de massa em salsicha. ela conclui que a salsicha. por ser comprida, contém mais massa do que a bolinha. Não se trata de um erro, como se julgava antes de Piaget, mas de um raciocínio apropriado a essa faixa etária. O construtivismo procura desenvolver práticas pedagógicas sob medida para cada degrau de amadurecimento intelectual da criança.
4 — Piaget criou o construtivismo?
Nada mais falso. Ao contrário do que muitos imaginam, ele nunca se preocupou em formular uma pedagogia: dedicou a vida a investigar os processos da inteligência. Outros especialistas é que se valeram das suas descobertas para desenvolver propostas pedagógicas inovadoras.
5 — De onde vem, então, o construtivismo?
Quem adotou e tornou conhecida a expressão foi uma aluna e colaboradora de Piaget. a psicóloga Emilia Ferreiro. nascida na Argentina em 1936 e que atualmente mora no México. Partindo da teoria do mestre, ela pesquisou a fundo, e especificamente. o processo intelectual pelo qual as crianças aprendem a ler e a escrever, batizando de construtivismo sua própria teoria.
6 — Então é ela a autora da pedagogia construtivista?
Não. A exemplo de Piaget, Emilia se limitou a desenvolver uma teoria científica. Outros especialistas é que vêm utilizando suas descobertas, assim como as de Piaget. para formular novas propostas pedagógicas. No começo, o nome construtivismo se aplicava só à teoria de Emilia. Com o tempo, passaram a ser chamadas de construtivistas as novas propostas pedagógicas inspiradas em sua teoria, a própria teoria de Piaget e ate mesmo pedagogias anteriores, porem compatíveis, como a do educador soviético Lev Vvgotsky (1896-1934).
7 — O que a teoria de Emilia Ferreiro sustenta?
A pesquisadora aplicou a teoria mais geral de Piaget na investigação dos processos de aprendizado da leitura e da escrita entre crianças na faixa de 4 a 6 anos. Constatou que a criança aprende segundo sua própria lógica e segue essa lógica até mesmo quando ela se choca com a lógica do método de alfabetização. Em resumo, as crianças não aprendem do jeito que são ensinadas. A teoria de Emilia abriu aos educadores a base científica para a formulação de novas propostas pedagógicas de alfabetização sob medida para a lógica infantil.
8 — Qual é a lógica infantil na alfabetização, segundo Emilia Ferreiro?
A pesquisadora constatou uma sequência lógica básica na faixa de 4 a 6 anos. Na primeira fase, a pré-silábica. a criança não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada e se agarra a uma letra mais simpática para "escrever". Por exemplo, pode escrever Marcelo como MMMMM ou AAAAAA. Na fase seguinte, a silábica, já interpreta a letra à sua maneira, atribuindo valor silábico a cada uma (para ela. MCO pode ser a grafia de Mar-ce-lo. em que M=mar, C=ce e 0=l0). Um degrau acima, já na fase silábico-alfabética, mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas propriamente ditas. Por fim, na última fase, a alfabética, passa a dominar plenamente o valor das letras e silabas.
9 — O construtivismo se aplica somente à alfabetização infantil?
Não. Ainda se encontra muito vinculado à alfabetização, porque foi por essa área que começou a ser desenvolvido, a partir da base teórica proporcionada por Emilia Ferreiro. Contudo, práticas construtivistas, devidamente adaptadas, já estão bastante difundidas até a quarta série do primeiro grau. A partir da quinta série, porém, quando cada disciplina passa a ser ministrada por um professor especializado, tais práticas são menos utilizadas, até pela relativa escassez ainda registrada de pesquisas teóricas equivalentes às de Emilia.
10 — Por que o construtivismo faz restrições à "prontidão" na alfabetização infantil?
Com base nas teorias de Piaget e Emilia Ferreiro, os construtivistas consideram inútil a prontidão, ou seja, o treinamento motor que habitualmente se aplica às crianças como preparação do aprendizado da escrita. Para eles, aprender a ler e escrever é algo mais amplo e complexo do que adquirir destreza com o lápis.
Projeto de Ensino
Autores: Bruna Avila e Matheus Acosta
Título: “Águas para vida, não para a morte”
Contexto: Projeto interdisciplinar para alunos do ensino médio.
Justificativa: Propor este projeto, bem como seu título “Águas para vida, não para a morte” é trazermos para a sala de aula uma discussão crítica sobre a água, pouco trabalhada nas salas de aula, trabalhando outras realidades com o aluno como a dos movimentos sociais, tão criminalizados pela maioria dos discursos. Através de um debate interdisciplinar entre Sociologia, Geografia, Química e Biologia e História, estabeleceremos pontes de conhecimento acerca das relações sociais e a problemática de pensarmos a água como bem de consumo. A proposta do projeto é que o aluno experimente uma nova maneira de construir o conhecimento a partir da vivência real com os movimentos sociais e consiga articular as diferentes áreas de conhecimento em uma realidade social específica (sua, ou do movimento dos atingidos por barragens). O tema da água é algo que precisa ser trabalhado já que vivemos em uma ilha rodeada pela imensidão dos mares e um estado que possui abundância de água, bem como um dos estados que comporta o aquífero-guarani e nesse mesmo estado, a água pode significar o desapossamento de grandes comunidades camponesas para a geração de energia elétrica. Tendo em vista a complexidade desse tema, trazemos a luz as peculiaridades geográficas e históricas da água na vida dos catarinenses, muito influenciados pela vida marítima, e também de lutas sociais.
Objetivos: O intuito deste tema é fazer com que os alunos reconheçam as inúmeras relações sociais que o consumo da água estabelece no mundo. Mostraremos que a água além de ter grande importância no processo biológico, tem grande influencia na interação social. O aluno terá possibilidade de ver essa relação HOMENS<=>ÁGUA, através de uma visão sociológica, ou seja, da totalidade às particularidades que envolvem essa substancia, essencial para a vida na terra. Para além disso, propomos a conscientização dos alunos a partir de uma aproximação ao Movimento dos atingidos por barragens (MAB).
Conteúdos abordados:
Mercantilização da água; Água como relação social; Água para que? Para quem? (Sociologia);
Água, consumo, energia e relação social (Geografia Humana e Política);
Composição química da água e poluição, relação Água/corpo (Química, Biologia);
Desenvolvimento do projeto:
A primeira atividade a ser desenvolvida junto aos alunos será uma roda de debates. Participarão deste espaço os professores das áreas envolvidas, Sociologia, Geografia, Química, Biologia e História O subsídio didático para o debate será disponibilizado em forma de pequenas noticias trazidas pelos próprios alunos. Após a leitura em sala de aula de algumas noticias, os professores fomentarão o debate com algumas questões pertinentes a cada disciplina e também de caráter interdisciplinar. Para terminar essa primeira aproximação ao tema, exibiremos um curta chamado “O preço da luz é um roubo”, feito pelo mutirão “Brasil novo” que debate sobre um novo modelo energético para o país.
As próximas atividades serão desenvolvidas nas horas-aulas de cada disciplina, com exceção às duas saída de campo.
A disciplina de Sociologia tratará mais especificadamente sobre:
Mercantilização da água: Água como bem de consumo; Água como um direito?; Capitalismo dependente. Os alunos assistirão a aulas expositivas intercalando com aulas práticas (consultas bibliográficas e pesquisas). Exibição de filmes: Xingu - o sangue da nossa sobrevivência direção de Andréa Rossi (MAB), que trata da construção da usina de Belo Monte em área indígena; Complexo Madeira expulsa ribeirinhos, "Progresso" em nome do capitalismo financeiro expulsa ribeirinhos do Rio Madeira em Rondônia.
Geografia Humana e Política:
O Aquífero Guarani é o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo; Observação crítica de mapas (conflitos sociais e água); Consumo e escassez de água; 40 anos da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN), Por que Florianópolis não é um exemplo em saneamento?; O professor de Geografia em conjunto aos professores das outras disciplinas fará uma saída de campo à central de abastecimento. O intuito desta visita é reconhecer a ação do homem na qualidade e na distribuição de água, bem como sua influência política;
Química:
Composição química da água e tratamento; Como acontece a poluição; Como se formam as pontes de hidrogênio?;
Biologia:
Seres vivos e a água; Água e o corpo, quanto de água tem seu corpo?;
História:
- Movimentos messiânicos em Santa Catarina; História da Colonização; A vida marítima, a proximidade do homem com o mar através da pesca e sua história;
Saída de campo: A última etapa deste projeto é uma visita de campo ao reassentamento de agricultores do Movimento dos atingidos por barragens na cidade de Cerro Negro, meio-oeste de Santa Catarina. Lá os alunos poderão conhecer de perto a realidade social destes agricultores, bem como vivenciar ao menos 1 dia de suas vidas. Os alunos deverão escrever diário de campo envolvendo conteúdos de todas as disciplinas. Suas anotações não serão avaliadas, mas servirão de material empírico para o desenvolvimento de um trabalho final.
Socialização dos resultados: Será realizada apresentação aberta a comunidade com apresentação de seminários. Os alunos poderão utilizar power-point, vídeo, áudio e ensaio escritos que terão seus resumos apresentados publicamente.
Avaliação: os alunos serão avaliados de acordo com sua participação nas atividades propostas, lembrando que o diálogo estará sempre aberto permitindo um questionamento dos alunos perante as atividades propostas, podendo elas serem rearranjadas coletivamente sempre pensando nas propostas orientadoras do projeto. A avaliação segue de forma individual perante o desempenho do aluno no desenvolvimento do tema e no coletivo. A avaliação final deverá apresentar alguma temática relaciona à água. Alguns exemplos: relevância social da água; água e sociedade; reutilização da água; água e urbanização; remanejamento de pessoas para lugares que tenham água ou para a utilização do espaço na construção de usinas hidroelétricas. Os alunos deverão articular os temas tratados nas disciplinas, de forma a contemplar todas as áreas de conhecimento envolvidas nesse projeto. Assim, o aluno aprende a não tratar os temas apenas em suas especificidades, mas também a desenvolver um olhar críticos a partir da totalidade. A avaliação não consistirá em algo já pré estipulado, ela será adequada ao desenvolvimento do projeto.
Referências:
PCN http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/cienciah.pdf acessado em 01 de julho de 2011
http://www.mabnacional.org.br acessado em: 01 de julho de 2011
http://www.daaeararaquara.com.br/guarani.htm acessado em 01 de julho de 2011
http://www.casan.com.br acessado em 02 de julho de 2011
http://aguaamericalatina.blogspot.com/2008/11/mapa-da-escassez-no-mundo.html acessado em 02 de julho de 2011
http://www.revistahistoriacatarina.com.br/ acessado em 02 de julho de 2011
FERNANDES, Florestan. Capitalismo dependente e classes sociais na América Latina. São Paulo: Global , 2009.